Apreciem!
Bargarel, entretanto, era um vampiro diferente e tinha mais conhecimento não só sobre a Transilvânia, como de todo o Mundo. Arrastando-se em sua miséria; magro, com as costelas afloradas, sem forças pela falta de sangue; iniciou sua batalha árdua em busca de alguma vida que pudesse alimentá-lo e salvá-lo da morte.
Na travessia da bizarra floresta de sua terra natal fora presenteado com um suculento cidadão gordo que, visto o fato de estar perdido, era provavelmente de um lugar diferente do seu. Bargarel lambeu os beiços, descontrolado, e tentou erguer um breve voo. Fracasso. O homem gordo alertou-se e, diante do perigo, correu. O vampiro rugiu e não mais fez do que acelerar fugazmente seu andar, na tentativa de correr e alcançar a presa. O gordo morreu - caíra de um penhasco - e o moribundo desnutrido permanecia na assombrosa miséria.
Não esqueça! Ele era diferente, tinha mais força, mais vontade de viver. Sua luta não cessaria ali. Por fim atravessou a floresta, por um caminho um tanto quanto oculto que poucos os habitantes da Transilvânia possuíam conhecimento (talvez ele fosse o único). Os olhos encheram-se de prazer ao notar que havia encontrado um pequeno - porém recheado de humanos de sangue quente - vilarejo. Tomou sua forma humana, ao que simultaneamente recapitulara a cena anterior, culpando-se pelo fato de não tê-lo feito para induzir o homem a se aproximar e servir-lhe de sangue. É, a fome parece afetar cruelmente o cérebro dos seres.
Sentou-se um pouco na entrada da vila, antes de explorá-la, devido ao cansaço. Farejou algo. Putas. Animou-se e pôs-se a investigar. Bem na entrada havia um prostíbulo e tudo que Bargarel mais gostava - depois de morder pescoços - era o bom e velho sexo. Abriu as portas do local como se fosse um cafetão cheio de autoestima e observou cada uma das garotas que estava à disposição. Desapontou-se ao ver que poucas estavam à sua disposição, mas por sorte deu de cara com uma jovem, com uma carinha abatida - o que Bargarel julgou como "fácil de conquistar" - e logo tratou de seduzir a moça.
Subir às escadas até o quarto foi uma missão complicada de forma mútua. Os dois perderam o equilíbrio diversas vezes, ademais a decência: deixaram seus corpos suados apoiarem-se um no outro para já terem um agradável prelúdio. E assim alcançaram o andar de cima e começaram a foda.
Bargarel lamentou cada segundo daquele ato, afinal foi uma transa deprimente entre dois mortos-vivos. Desanimador. Prazer medíocre. O vampiro teve vontade de vomitar, porém segurou-se para não perder a presa e na hora do orgasmo mais broxante de sua vida transformou sua face e aplicou-lhe uma bela e certeira mordida. Era uma presa fraca, o sangue lhe fora sugado em poucos segundos.
Nosso viajante saciou-se até ficar tonto. Então suspirou diversas vezes para enfim tomar a verdadeira consciência e sair daquele buraco com intuito de que não o descobrissem e eventualmente caçassem. Todavia, diante da janela, preparado para dar início ao voo de volta, fora interrompido pela vítima cuja ele acreditara estar morta. Foi um "ei garanhão!" que realmente o assustou e ela completou:
- Eu tenho Aids.