domingo, 19 de outubro de 2014

Retorno Para A Terra - Tudo Que Vai... Volta!


BOTE SUA PAMPERS E REFLITA...


Acho que isso é o fim. Para nós, de qualquer maneira. Para o homem e tudo o que nós já fizemos. Eu tive bastante tempo para pensar sobre isso desde a última vez que eu vi o sol. A última vez que eu pude vê-lo. Percebi que isso não é o fim do mundo, mas é o nosso fim. Acho que começou há quase um mês, embora possa ter começado antes, não tenho certeza, tenho apenas os relógios espalhados pela casa para me manter ciente do tempo e metade deles não funciona mais. De qualquer forma eu estou me desviando do ponto. No noticiário eu ouvi que um navio de cruzeiro afundou sem nenhuma razão. Ele não estava danificado, apenas foi puxado para baixo. Em seguida, piorou. Tudo na água estava afundando. Plataformas petrolíferas desapareceram. As pessoas na praia eram puxadas para baixo. Ninguém parecia ser capaz de explicar por que isso estava acontecendo. Nada mais flutuava.

Foi tudo tão rápido e bizarro. Na época se encheram de notícias e teorias na televisão, a maioria delas bastante positivas, na verdade tipo "é só Deus dando a descarga"; até que isso ficou realmente assustador. Foi durante uma reportagem que tudo mudou para pior. Foi em alguma praia, numa matéria sobre esse estranho fenômeno. Eles estavam apenas reciclando as mesmas perguntas que todo mundo estava fazendo há dias. De repente, o pânico possuiu o rosto da repórter, gritando enquanto a câmera rapidamente se inclinava para baixo. Seus pés se afundaram na areia até a canela. Lembro de ter dado risada, pensando que ela era apenas uma daquelas repórteres atrapalhadas, mas depois, a câmera caiu também. Os restantes 10 ou mais segundos que se seguiram não mostravam apenas a repórter afundando na areia, mas todos eles. Todo o circo da mídia que havia sido montado naquela praia para cobrir a mesma história. A repórter que estava com sua canela sendo puxada à um minuto atrás agora estava até o peito. Todos os gritos e imagens daquelas pessoas gritando terminaram assim que a câmera foi engolida pela areia.

Houve uma grande cobertura acerca desse incidente, mas não havia nada para se dizer. Alguns culparam os sumidouros pelo o que aconteceu na praia, enquanto outros argumentaram contra, teorizando acerca da segurança do estúdio naquele local. Mas ver o noticiário agora era uma perda de tempo. Era muito mais fácil olhar pela janela. As ruas beiravam à de uma cidade fantasma. Todo mundo evitava sair, com medo de deixar suas casas. Não parecia fazer sentido. Logo, as ruas e calçadas estavam sendo absorvidas pela grama e pela terra. Placas de rua e semáforos estavam sendo consumidos pelas plantas. E as casas também. Poucos dias depois todo o meu piso inferior havia sido soterrado. Eu tinha conseguido bloquear as janelas e as portas, mas tudo aquilo se parecia mais com um mausoléu do que qualquer coisa. Não era um lugar onde eu queria estar. Passei a maior parte do meu tempo no segundo andar, olhando pela janela e observando o mundo hostil que se formava lá fora.

O meu vizinho morreu ontem. Ele caiu do telhado e foi engolido pela terra. Ele não foi a primeira pessoa a fazer isso. Mas o que tornou esse fato notável foi o porque dele ter caído. Ele estava tentando proteger o seu cão. Acho que ele deve estar bem. Ele simplesmente saiu correndo. Eles parecem não serem afetados por isso. Os animais. Este é o nosso destino. Essa pequena descoberta niilista foi demais para mim. Essa coisa toda. Esse maldito pesadelo. Devo ter bebido a noite toda. Quando acordei, minha cabeça encarou a escuridão. Liguei os interruptores de luz e os fusíveis, mas a energia se foi. Tirei a lanterna da caixa de fusíveis e olhei ao redor da casa. Ao verificar o andar de cima eu vi. O último vislumbre de luz natural que eu nunca mais iria ver. Eu pensei que era noite e que eu tinha dormido o dia inteiro em um coma alcoólico. Eu estava no subsolo. Tentei sair, me espremendo através do gesso e das telhas, mas fui saudado por sujeira e barro de onde deveria estar um céu.

Eu não sei quanto tempo mais eu ainda tenho aqui. Na minha casa, no meu caixão. Ainda tenho bastante comida e muito ar e claro, um pc com internet para postar creepypasta no CP Wikia. Eu tenho um pouco de luz, um par de velas e uma caixa de fósforos. A lanterna se apagou. Esse é o nosso destino. O destino do homem. O nosso retorno à terra.

Fonte: Lua Pálida
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Uma creepy muito bem escrita e com um ótimo enredo. Embora o final tenha sido um pouco apressado (me refiro às três últimas frases), ele nos oferece uma interessante perspectiva sobre aonde esse texto quer chegar. Não sei vocês, mas eu enxerguei uma interessante metáfora entre o homem e a natureza.

Avaliação Final: Boa pra porra, ganha um 9,0.

TCHAU... TERRA

QUE SEUS PESADELOS SE TORNEM REAIS

BOA NOITE

5 comentários:

  1. Creepy foda, dou um 10, aliás...

    VAI ME ENTERRAR NA AREIA?! NÃO NÃO, VO ATOLAR!!!!

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  2. Essa do mar sugando tudo pra baxo e se nao for o leviatã bebendo um POQUINHO de agua

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  3. Mmaaasss...tipo...ele só é sugado fora de casa? Só o chão da rua q engole?

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    1. Não sei se você percebeu, mas o protagonista foi sugado dentro de casa. E ele ainda completa no texto, dizendo que outras casas (como a de seu vizinho) afundavam.

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