Aquele campo, sim aquele campo! Não era muito extenso, ao contrário de sua história. Muitas ocorreram ali; umas com finais felizes, outras com finais tristes e umas com finais até mesmo sombrios. A paisagem era belíssima, embora houvesse um odor terrível vindo das fezes e urina dos gatos que ali viviam.
Das muitas histórias ocorridas nesse local, uma delas é minha. Tenho vontade de compartilha-la convosco, mas tenho dúvidas quanto a conveniência dos fatos. Veja minha situação: um homem idoso, à beira da morte, tendo como uma possível - e talvez última - distração, contar um fato obscuro vivido em sua vida. Sim, minha história teve um final sombrio...
A conclusão é de que compartilhar esta história é não só uma conveniência, como também uma necessidade! Mesmo que sejam minhas últimas palavras eu irei contar sobre esse acontecimento peculiar.
Há tempos atrás eu tinha um horripilante sadicismo. Ele ficava escondido nos meus pensamentos mais cruéis e desumanos, e eu nunca o revelava na frente de alguém. Era algo que eu não podia controlar, como um demônio. Eu me imaginava torturando pessoas, bebendo seu sangue, dilacerando seus órgãos internos; também me imaginava rasgando animais frágeis ao meio ou até mesmo estourando seus corpos sem nenhum dó ou piedade.
Às vezes eu não me limitava somente à pensamentos... Eu os empunhava na prática! Capturava ratos ou gatos e brincava com suas vidas. Tudo isso, sem que ninguém soubesse. Por fora um simpático homem, por dentro pior que o próprio diabo.
Eu adorava pegar gatos que ficavam embaixo de uma ponte há algumas quadras de minha casa, mas um dia resolvi mudar e pegar um gato ali mesmo, naquele campo, mesmo que à vista de muitos. Notei um gato esbelto, com uma combinação de cores interessante: um tom dourado de amarelo, um leve preto e um forte e brilhante branco. O miado dele despertava uma raiva dentro de mim, despertava meu sadicismo, minha vontade era de arrancar sua pele inteira, depois suas vísceras e por último realizar uma colagem grotesca. "Que assim seja!", exclamei mental, e animadamente.
Sem hesitar, tomei o gato em minhas mãos e levei-o para casa. Enquanto eu preparava toda a gerigonça com a qual eu torturaria o frágil animal, eu pensava o quanto aquilo era horrível. Não só torturar aquele gato, mas sim os meus pensamentos sádicos em geral... Parar? Não, naquele momento não era um opção, eu estava completamente vidrado, mesmo que de certa forma arrependido. Entretanto, como eu disse, era algo incontrolável!
"Preparado!", gritei, enquanto um sorriso gigante se formava em meu rosto. Não pude me conter, gargalhei alto, soltando toda minha felicidade em saber que logo poderia brincar com aquela pobre vida. Sem perder tempo, pus a gerigonça a trabalhar com o corpo do bichano. Logo suas entranhas estariam espalhadas em minha escrivania. O bichano deu seu último grito de dor e faleceu. "Hora de tirar essa pele...", eu disse, enquanto observava o pequeno coração do animal. Estava com água na boca, talvez eu não devesse jogar a aquilo fora, mas sim comer. Assim se sucedeu, antes de arrancar a pele do animal, decidi cozinhar seu coração e me deliciar de um sabor, talvez, diferente.
Devo dizer que aquele pequeno órgão era suculento. Gosto como aquele, nunca passara pelo meu tão degustado paladar. Nesse momento eu partia em direção ao gato - ou ao que restou dele - para arrancar sua pele com meu pequeno estilete. Passei calmamente o estilete por cada pedaço de pele que jazia no corpo do bichano. Terminei e não me dando por satisfeito, arranquei fora os olhos do animal. Daria um ótimo enfeite, sabe?
Fiz tudo o que eu queria: arranquei a pele e junto com as vísceras colei no que restou do corpo do gato, tudo de forma grotesca. Também arranquei seus olhos e pus no vidro, como desejado. Mesmo com essas realizações, eu ainda precisava de algo mais para complementar minha diversão. Foi quando aquela lâmpada - como a de um desenho animado - acendeu-se brilhantemente em minha cabeça.
Esperei a noite cair e levei o cadáver horripilante do gato até o campo onde ele vivia. Joguei-o lá, completamente torto e assobiei, na tentativa de alertar os gatos que ali viviam. De muitas ações que pratiquei em minhas diversões sádicas, essa foi a menos astuta. Os gatos apareceram e uma torrente de miados repugnantes insultaram meus ouvidos. Eu me sentia desconfortável, embora senti-se minha alma sádica se proliferar.
Eu caí de joelhos e observei aquelas centenas de gatos chegarem perto do cadáver. Eles pararam, observaram, miaram... O olhar deles era triste, tão triste que um grande remorso me tomou. Eu não me arrependia só daquele ato, mas também por todos os atos que eu cometera. Eu comecei a chorar e gritar, tive sorte daquela rua estar deserta... ou não...
As centenas de gatos se viraram para mim. Eles tinham um olhar frio, calculista, quase como o de um psicopata. O brilho reluzente dos pelos dos gatos, somados à gigante lua cheia, cegara-me. Miados e mais miados começaram a invadir minha cabeça, deixando-me louco. Aqueles gatos pareciam falar comigo, e não parecia ser algo bom...
O que podemos dizer sobre que vem a seguir na história? Vingança? Será mesmo? Será que criaturas dóceis e frágeis como esses gatinhos podiam querer se vingar da morte de seu amigo? Teriam eles tentado me matar? Eu não sei dizer, e creio que será uma incógnita eterna. Entretanto convenhamos que a situação toda em si é demasiadamente confusa e intrigante.
Enfim, o que eu posso dizer-vos é que aqueles gatos partiram para cima de mim com uma voracidade indescritível. Miados, olhares frios e calculistas, garras cortantes... Era o que eu presenciava naquele momento. Foi uma rajada de ataques súbitos que até hoje fico me perguntando como sobrevivi.
Ao término eu estava um caco: a blusa havia sido completamente rasgada, o tênis arrebentado, o braço direito estava praticamente dilacerado e meu rosto queimava, queimava, queimava, ah como queimava! Apenas as lembranças daquilo me fazem roer os dentes em ódio e desespero.
Levantei-me arduamente, apressado para fugir dali. Por sorte minha casa não ficava longe, no entanto eu ainda temia àquelas criaturas vorazes. Nesse ponto eu era puro arrependimento, meu lado sádico fora embora de vez, nunca mais voltou depois daquilo. Nem olhei para trás, mas eu sentia os olhares congelantes dos gatos, eu sentia suas garras dilacerantes cerrarem minha espinha. A "vingança" havia sido concluída...
Eu continuo a olhar para aquele campo com um olhar normal, e os gatos, eles me olham calmamente... Entretanto, após o ocorrido, uma tentativa de contato direto com eles os deixam irritados, minha voz os irritam... Não é engraçado? Os papéis claramente se inverteram: o frágil superou o forte. O que passei é um claro exemplo daquele dito popular: o povo unido jamais será vencido. Os frágeis se uniram e eu provei de meu próprio sadismo.
Agora, à beira de minha morte, sou assombrado por estes seres obscuros. Posso ver seus olhos em minhas janelas, ouço miados como se vinhessem debaixo da minha cama e suas garras parecem arranhar meu telhado. É o preço que pago pelo que fiz. Não foi só aquele massacre, aquilo não bastou, foi pouco. Eles vão me perturbar para sempre pelo que fiz, mesmo que seja no inferno. E a única coisa que tenho a fazer agora é aguardar a hora de partir e rezar para que essa tortura e esse sentimento de culpa se extinguam nesse momento.
Autor: Leon Leonidas
*(Plágio é crime, se você copiar esse conto em seu blog sem por créditos o bicho vai pegar mermão!)
Das muitas histórias ocorridas nesse local, uma delas é minha. Tenho vontade de compartilha-la convosco, mas tenho dúvidas quanto a conveniência dos fatos. Veja minha situação: um homem idoso, à beira da morte, tendo como uma possível - e talvez última - distração, contar um fato obscuro vivido em sua vida. Sim, minha história teve um final sombrio...
A conclusão é de que compartilhar esta história é não só uma conveniência, como também uma necessidade! Mesmo que sejam minhas últimas palavras eu irei contar sobre esse acontecimento peculiar.
Há tempos atrás eu tinha um horripilante sadicismo. Ele ficava escondido nos meus pensamentos mais cruéis e desumanos, e eu nunca o revelava na frente de alguém. Era algo que eu não podia controlar, como um demônio. Eu me imaginava torturando pessoas, bebendo seu sangue, dilacerando seus órgãos internos; também me imaginava rasgando animais frágeis ao meio ou até mesmo estourando seus corpos sem nenhum dó ou piedade.
Às vezes eu não me limitava somente à pensamentos... Eu os empunhava na prática! Capturava ratos ou gatos e brincava com suas vidas. Tudo isso, sem que ninguém soubesse. Por fora um simpático homem, por dentro pior que o próprio diabo.
Eu adorava pegar gatos que ficavam embaixo de uma ponte há algumas quadras de minha casa, mas um dia resolvi mudar e pegar um gato ali mesmo, naquele campo, mesmo que à vista de muitos. Notei um gato esbelto, com uma combinação de cores interessante: um tom dourado de amarelo, um leve preto e um forte e brilhante branco. O miado dele despertava uma raiva dentro de mim, despertava meu sadicismo, minha vontade era de arrancar sua pele inteira, depois suas vísceras e por último realizar uma colagem grotesca. "Que assim seja!", exclamei mental, e animadamente.
Sem hesitar, tomei o gato em minhas mãos e levei-o para casa. Enquanto eu preparava toda a gerigonça com a qual eu torturaria o frágil animal, eu pensava o quanto aquilo era horrível. Não só torturar aquele gato, mas sim os meus pensamentos sádicos em geral... Parar? Não, naquele momento não era um opção, eu estava completamente vidrado, mesmo que de certa forma arrependido. Entretanto, como eu disse, era algo incontrolável!
"Preparado!", gritei, enquanto um sorriso gigante se formava em meu rosto. Não pude me conter, gargalhei alto, soltando toda minha felicidade em saber que logo poderia brincar com aquela pobre vida. Sem perder tempo, pus a gerigonça a trabalhar com o corpo do bichano. Logo suas entranhas estariam espalhadas em minha escrivania. O bichano deu seu último grito de dor e faleceu. "Hora de tirar essa pele...", eu disse, enquanto observava o pequeno coração do animal. Estava com água na boca, talvez eu não devesse jogar a aquilo fora, mas sim comer. Assim se sucedeu, antes de arrancar a pele do animal, decidi cozinhar seu coração e me deliciar de um sabor, talvez, diferente.
Devo dizer que aquele pequeno órgão era suculento. Gosto como aquele, nunca passara pelo meu tão degustado paladar. Nesse momento eu partia em direção ao gato - ou ao que restou dele - para arrancar sua pele com meu pequeno estilete. Passei calmamente o estilete por cada pedaço de pele que jazia no corpo do bichano. Terminei e não me dando por satisfeito, arranquei fora os olhos do animal. Daria um ótimo enfeite, sabe?
Fiz tudo o que eu queria: arranquei a pele e junto com as vísceras colei no que restou do corpo do gato, tudo de forma grotesca. Também arranquei seus olhos e pus no vidro, como desejado. Mesmo com essas realizações, eu ainda precisava de algo mais para complementar minha diversão. Foi quando aquela lâmpada - como a de um desenho animado - acendeu-se brilhantemente em minha cabeça.
Esperei a noite cair e levei o cadáver horripilante do gato até o campo onde ele vivia. Joguei-o lá, completamente torto e assobiei, na tentativa de alertar os gatos que ali viviam. De muitas ações que pratiquei em minhas diversões sádicas, essa foi a menos astuta. Os gatos apareceram e uma torrente de miados repugnantes insultaram meus ouvidos. Eu me sentia desconfortável, embora senti-se minha alma sádica se proliferar.
Eu caí de joelhos e observei aquelas centenas de gatos chegarem perto do cadáver. Eles pararam, observaram, miaram... O olhar deles era triste, tão triste que um grande remorso me tomou. Eu não me arrependia só daquele ato, mas também por todos os atos que eu cometera. Eu comecei a chorar e gritar, tive sorte daquela rua estar deserta... ou não...
As centenas de gatos se viraram para mim. Eles tinham um olhar frio, calculista, quase como o de um psicopata. O brilho reluzente dos pelos dos gatos, somados à gigante lua cheia, cegara-me. Miados e mais miados começaram a invadir minha cabeça, deixando-me louco. Aqueles gatos pareciam falar comigo, e não parecia ser algo bom...
O que podemos dizer sobre que vem a seguir na história? Vingança? Será mesmo? Será que criaturas dóceis e frágeis como esses gatinhos podiam querer se vingar da morte de seu amigo? Teriam eles tentado me matar? Eu não sei dizer, e creio que será uma incógnita eterna. Entretanto convenhamos que a situação toda em si é demasiadamente confusa e intrigante.
Enfim, o que eu posso dizer-vos é que aqueles gatos partiram para cima de mim com uma voracidade indescritível. Miados, olhares frios e calculistas, garras cortantes... Era o que eu presenciava naquele momento. Foi uma rajada de ataques súbitos que até hoje fico me perguntando como sobrevivi.
Ao término eu estava um caco: a blusa havia sido completamente rasgada, o tênis arrebentado, o braço direito estava praticamente dilacerado e meu rosto queimava, queimava, queimava, ah como queimava! Apenas as lembranças daquilo me fazem roer os dentes em ódio e desespero.
Levantei-me arduamente, apressado para fugir dali. Por sorte minha casa não ficava longe, no entanto eu ainda temia àquelas criaturas vorazes. Nesse ponto eu era puro arrependimento, meu lado sádico fora embora de vez, nunca mais voltou depois daquilo. Nem olhei para trás, mas eu sentia os olhares congelantes dos gatos, eu sentia suas garras dilacerantes cerrarem minha espinha. A "vingança" havia sido concluída...
Eu continuo a olhar para aquele campo com um olhar normal, e os gatos, eles me olham calmamente... Entretanto, após o ocorrido, uma tentativa de contato direto com eles os deixam irritados, minha voz os irritam... Não é engraçado? Os papéis claramente se inverteram: o frágil superou o forte. O que passei é um claro exemplo daquele dito popular: o povo unido jamais será vencido. Os frágeis se uniram e eu provei de meu próprio sadismo.
Agora, à beira de minha morte, sou assombrado por estes seres obscuros. Posso ver seus olhos em minhas janelas, ouço miados como se vinhessem debaixo da minha cama e suas garras parecem arranhar meu telhado. É o preço que pago pelo que fiz. Não foi só aquele massacre, aquilo não bastou, foi pouco. Eles vão me perturbar para sempre pelo que fiz, mesmo que seja no inferno. E a única coisa que tenho a fazer agora é aguardar a hora de partir e rezar para que essa tortura e esse sentimento de culpa se extinguam nesse momento.
Autor: Leon Leonidas
*(Plágio é crime, se você copiar esse conto em seu blog sem por créditos o bicho vai pegar mermão!)
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QUE SEUS PESADELOS SE TORNEM REAIS
BOA TARDE
Muito bom o post Leon, vc tem muita criatividade, tenho uma duvida vc vai continuar a série Japão do Medo?
ResponderExcluirLegal °ﺳ°
ResponderExcluirCaraca, um dos melhores textos que você já escreveu, Leon. Muito bom mesmo! =)))
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