Santa Muerte é uma figura sagrada venerada no México, provavelmente uma derivação entre crenças católicas e mesoamericanas. Desde antes mesmo os europeus terem chegado à América, religiões ligadas ao culto da "morte" já existiam e faziam parte da fida dos indígenas da América Latina. Entre eles estavão os astecas, maias, incas, e muitos outros que interpretavam a morte com olhos diferentes dos europeus e por isso tinham rituais próprios, indo do sacrifício humano à antropofagia. Outro fato é que se trata de uma combinação de crenças do catolicismo espanhol com a deidade asteca Mictecacihuatl, a rainha do submundo. A figura tétrica não deixa dúvidas que se trata da morte, mas não se sabe exatamente quando ela começou a ser chamada de “Nossa Senhora”. Como os descendentes destas culturas foram catequizados, logos eles adequaram seus costumes ao cristianismo, daí então a hipótese do surgimento da "Santa Muerte", uma cristianização dos cultos pagãos sobre a morte. Hoje o culto a Nossa Senhora da Santa Morte, como também é chamada, manifestada em celebrações sincréticas como o Dia dos Mortos. Entre os elementos católicos da celebração está o uso de esqueletos para lembrar as pessoas de sua mortalidade.
Aparência, Altares e Templos
Santa Muerte é geralmente vestida como o anjo da morte, carregando uma gadanha e uma balança (que pode ser reminiscente de São Miguel. Ela também pode estar vestida com um manto vermelho e uma coroa dourada; nesta forma, a veem como uma variação da Virgem Maria.
Estátuas de Santa Muerte são confeccionadas em vermelho, branco, verde e preto, para o amor, sorte, sucesso financeiro e proteção. Oferendas à Santa Muerte incluem rosas, maconha, cigarros, frutas, doces e tequila. Santuários em homenagem a Santa Muerte são adornados com rosas vermelhas, cigarros e garrafas de tequila, e velas queimam em adoração. Por todo o México e em parte dos Estados Unidos (especialmente em comunidades de imigrantes mexicanos), são vendidos itens como cartas, medalhas e velas relacionados à santa. Santa Muerte é frequentemente tomada por padroeira por traficantes, sequestradores e outros criminosos, ou por pessoas que vivem em comunidades violentas. Muitos dos altares dedicados a La Santissima Muerte podem ser encontrados ao longo das estradas no nordeste do México, e foram construídos por traficantes.
Como o culto a Santa Muerte era clandestino até recentemente, a maioria das preces e outros rituais eram feitos de forma privada, em casa. Entretanto, nos últimos dez anos, a veneração tornou-se mais pública, especialmente na Cidade do México. O culto é condenado pela Igreja Católica no país, mas está firmemente entranhado nas tradições das classes baixas e marginalizadas do México. O número de fiéis da Santa Muerte cresceu nos últimos vinte anos, chegando a aproximadamente dois milhões de seguidores, além de atravessar fronteiras, alcançando as comunidades mexicanas dos Estados Unidos.
Um Culto em Ascensão
O culto à Santa Muerte (ou Nossa Senhora da Santa Morte, como prefere seus devotos ) é considerado hoje a seita que mais cresce no mundo. Os estudiosos acreditam que ela já reúne entre 10 e 12 milhões de seguidores; seis milhões só no México.
Andrew Chesnut, professor da Universidade Commonwealth da Virginia e pesquisador da religião no continente americano, explica que embora siga uma antiga tradição, esse movimento religioso oficialmente só tem 12 anos. Ele acaba de publicar o livro “Devoted to Death”, uma das primeiras obras acadêmicas sobre o culto.
Antes de 2001, a adoração de Santa Muerte era algo clandestino. Seus devotos construíam santuários pessoais escondidos dentro de casa. Quando Enriqueta Romero abriu o primeiro santuário público a santa no bairro de Tepito, na Cidade do México, deu início a uma rápida expansão de novos templos para Santa Muerte em todo o México, na América Central, e várias metrópoles dos EUA com grandes comunidades latinas.
Existem registros que a seita já chegou até Japão, Austrália e Filipinas. “Não há outro novo movimento religioso que possa competir com a velocidade desse crescimento”, afirma Chesnut. O mais curioso é que o crescimento é espontâneo. Diferentemente da maioria das seitas, não há um sistema organizado, nem líderes mundiais carismáticos. Aos poucos tem ganhado visibilidade na cultura pop, como parte do roteiro do seriado Breaking Bad ou personagem na animação infantil “O Livro da Vida”.
Para os devotos, Santa Muerte tem um papel sincrético claro: além de ser uma santa de devoção como as outras, também faz trabalhos espirituais. Steven Bragg, devoto desde 2010, que lidera uma igreja de Santa Muerte em Nova Orleans conta que pode-se rezar a ela, pedindo orientação, como a todos os outros santos católicos. Contudo, Bragg ressalta que os que desejam o favorecimento ou ajuda das “forças sombrias”, existem rituais específicos, que podem utilizar rezas, velas, ofertas de comida ou até de sangue.
Segundo Chesnut, seu aspecto sombrio faz com que “as pessoas sintam-se mais confortáveis pedindo favores a ela que provavelmente não pediriam a outros santos católicos”. Talvez por isso, ela se tornou a santa padroeira dos traficantes e todos os tipos de marginais. Como personifica a morte, para muitos representa proteção, justiça e uma passagem segura desta vida para o além.
Outro grupo que encontrou acolhida entre os defensores de Santa Muerte é a comunidade LGBT. Muitas vezes rejeitados pelos grupos religiosos, encontraram apoio na figura da morte. Bragg afirma “eu diria que, dentre os devotos dela, o percentual de LGBT é um pouco maior”. O motivo para essa popularidade entre os grupos mais excluídos? “A morte vem para todos”, assevera Bragg, “A morte não discrimina ninguém”.
A Igreja Católica oficialmente não a reconhece como santa. Pelo contrário. Em maio de 2013, o cardeal Ravasi, presidente do Conselho Pontifício do Vaticano para a Cultura, condenou o culto à Santa Muerte, chamando-o de “uma blasfêmia contra a religião cristã”. Líderes cristãos de todo o México usaram diversas vezes o adjetivo “satânica” para falar dessa seita.
Em troca da proteção contra os policiais, os traficantes oferecem sacrifícios humanos para Santa Muerte, o que deixa a situação da população mexicana ainda mais vulnerável. “Há uma infestação de demônios no México porque nós abrimos as portas para esse tipo de crença”, lamenta o padre exorcista Francisco Bautista.
A sua explosão de popularidade no México reconhecidamente acompanhou o crescimento dos carteis mexicanos do narcotráfico que desde 2006 confrontam o governo. A violência no país, que chega a quase 80 mil mortes anuais, acabou sendo um fator de identificação para a população em geral. “Afinal, quem melhor para pedir mais alguns grãos na ampulheta da vida do que para a própria morte?”, questiona Chesnut.
Destruição de Altares
Em 24 de março de 2009, autoridades mexicanas destruíram 30 capelas dedicadas a Santa Muerte nas cidades de Nuevo Laredo e Tijuana em resposta às suas fortes associações com traficantes de drogas e a pedido de moradores locais. José Manuel Valenzuela Arce, um pesquisador do Colegio de la Frontera Norte, fez um comentário sobre a ação: "a destruição dessas capelas não vai diminuir em nada o crime... alguém que está indo cometer um crime poderia ir tanto a uma capela de Santa Muerte quanto a uma Igreja Católica, ou simplesmente não ir a lugar nenhum".
Muito interessante como uma coisa igual a "morte", pode ser interpretada de várias maneiras por vocês, as vezes sendo temida outras vezes sendo adorada. Nada no mundo é uma coisa só, por isso que existem tantos cultos diferentes em seu mundo, sendo que o "bem" e o "mal" varia para cada tipo visão
VOCÊS PODEM ATÉ NÃO ACREDITAR NO SOBRENATURAL
MAS ELE ACREDITA EM VOCÊS...
BOM RESTO DE VIDA !
Uma bela maneira de encarar o inevitavel... A morte!!
ResponderExcluirSe eu reza pra ela eu posso pedi pra ela mata alguem?
ResponderExcluirSim
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