quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Razor, o Assassino da Navalha





Já são 03:03, apesar da  coincidência eu não ri. Sinto sono de mais para isso, mesmo que quisesse achar graça, a alta madrugada faz minhas pálpebras pesarem. Além disso não dá para achar nenhuma graça com milhares de fotos de cadáveres em sua mesa.

Ah, que merda ! Eu ia me aposentar da polícia na semana que vem e eles me enfiam esse caso da desgraça sem solução! Droga, eu sei que esses maníaco tem de ser preso, mas já estou à dias tentando achar algo. Nenhuma digital, nenhuma pegada, nenhum rastro, como alguém mata tanta gente e não deixa nenhuma pista física ? Mesmo nos assassinatos em prédios, não há sequer uma imagem de vídeo ou vizinhos de testemunhas. É como se ele viesse do nada.

Tenho certeza que só pode ser um assassino serial, por quê apesar de não parecer que há um padrão, ainda sim consegui achar algumas coisas que se pareciam em cada caso. A primeira coisa é todas as vítimas são homens, mas sem grandes relação entre si. Eram de todos de idades, raças, crenças, lugares e classe diferentes. Além disso eles não se conheciam e a única coisa em comum, fora o sexo, é que foram mortos com um objeto perfurocortante, como uma lamina, mas apesar de a maioria morrer de hemorragia por cortes na garganta e pescoço, outros tinha cortes em outras partes do corpo e algumas punhaladas.

A segunda coisa é que os lugares das mortes também não tem nenhuma relação e isso tenho certeza, pois olho novamente nos meus mapas marcados e todas aquelas linhas parecem aleatórias. Porém todos os lugares tinham uma coisa feita pelo assassino, uma estranha letra "R" feita em portas de madeira, além de alguns escritos malfeitos em sangue nas paredes.

O terceiro fato é única coisa que concretamente me faz pensar que é um serial killer. A maioria das testemunhas que estavam próxima das vitimas antes de morrer, falaram que  o assassino tinha o rosto pálido, olhos de íris laranjas como fogo e 3 cicatrizes em uma estranha forma. Essa mesma cicatriz foi feita em mulheres que sobreviveram  ao seu encontro, pois ele as assustava em um sadismo absurdo, mas não as matava. A cicatriz é meio diferente em cada uma , mas todas descreveram que suas cicatrizes e as do assassino como sendo essa :

Estranhamente essa marca me lembra algo familiar.

Ok, um assassino serial que age praticamente como um fantasmas e mata suas vítimas como uma faca ? Até pode ser plausível, inclusive muito clichê, mas ainda sim tenho que continuar lendo.
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ESPERE !!! O que é isso ?! 
Segundo o relato dos parentes das vítimas, todas elas tiveram pesadelos um dia antes das mortes, e algumas das vítimas disseram pela manhã que os sonharam com muito sangue e uma das vítimas havia dito que ouviu no pesadelo "Queen of the Night" de Mozart.

Bem, pode ser outra infeliz conhecidencia, mas algumas testemunhas disseram que ouviram alguém assobiando antes das mortes, sendo que uma delas disse que o assassino assobiava aquela canção de Mozart. Manias, como o gosto por uma música em especial, são bem naturais de psicopatas, mas como as vitimas sonharam com música que o assassino assobiava ? Não provavelmente uma das testemunhas já estava com essa música na cabeça e quando o ouviu o assobio acabou escutando o que queria escutar devido ao medo. Isso é bem natural. Pesadelos ? Ora, pesadelos são só pesadelos, todo mundo tem, não dá para criar um quadro de suspeitos pautado apenas em relatos de sonhos ruins. Tenho que me apegar ao que é real.

Me  jogo na cama, estou morto de sono. Começo a esquecer do caso e só penso naquela praia de areia limpa que verei assim que me aposentar quando terminar esse inferno. Ah tempo, por quê não anda mais depressa ?
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PLOC, PLOC, PLOC... escuto algo pingando, será a torneira ? Não, parece estar vindo do meu quarto, devo ter deixado o copo de café cair sobre a mesa.

Ergo meu corpo e me ponho sentado sobre a cama. O som vem do meu lado e eu desço da cama para verificar. Ai minhas costas, estou velho demais para isso. Espere, parece que um liquido está pingando da tomada... é vermelho... é .... SANGUE !  Eu viro de costas e vejo que  a junção da parede com o teto também pinga sangue, e pela fechadura... pelos olhos das pinturas... da Tv.... da cama... transborda sangue de TUDO, MEU DEUS !!!Meu quarto está se enchendo de sangue, mais e mais e mais ainda. Parece uma piscina, um tanque ou algo do tipo.

 Atravesso o quarto com sangue acima dos joelhos para abrir a porta. Ela não abre.

Atravesso o quarto com o sangue já na cintura para abrir a janela. Ela também não abre.

Atravesso o quarto com o sangue já no peito para pegar meu celular. Ele não funciona.

O sangue já bate em minha boca e eu sinto os seu gosto de metal e ferrugem invadir minha garganta. Afogando em sangue, eu tento lutar pela minha vida, pulo, salto, esforço-me como uma criança em seu primeiro mergulho, mas mesmo assim nada parece adiantar. O nível de sangue já bate no teto, o ar se esvai e minhas forças também. Deus, eu vivi como um bom policial por 60 anos, talvez só iriam me restar 15 ou 10 anos de vida, será que finalmente não posso ter o meu descanso terreno ? O sangue bate no teto e não tenho para onde fugir, estou apenas sob o liquido vermelho preso pelas paredes de meu lar. Naquele silêncio mortal, em meu ultimo minuto de ar, escuto um som, é... é uma música... "Queen of the Night" de Mozart. Sim, esta canção. Além das belas notas, as últimas que irei ouvir, vejo um semblante nadando no meio do sangue junto a mim. Não parece ser muito velho e também ser usava muita roupa escura e ficava nadando de costas como se estivesse gostando, como se zombasse de mim. Um puxão forte me atrai para baixo e eu deixo escapar o ar, agora o sangue frio invade meus pulmões os queimando e eu só posso dizer adeus a essa vida...

Acordo assustado e suando, com o Sol invadindo a minha janela. Graças a Deus estou vivo ! Verifico o meu corpo e meu quarto por inteiros. Sim, foi apenas um pesadelo de merda. Olho relógio e... merda, já estou atrasado. Corro para o banheiro e escovo os dentes com muito bom gosto por estar vivo. Olho minha face diante ao meu reflexo e sorrio largamente para mim mesmo  " É Leon, você tem de aprender a deixar esses casos não mexerem com a sua cabeça. Ainda bem que esse é o último".

Ainda me olhando vejo que minha barba está malfeita, pareço um mendigo, mas lembro me que minha máquina de barbear estragou. Abro a porta do espelho e.... o quê é isso ? É uma navalha de barbear, como as do meu pai e as que eu usava quando era bem mais jovem. Está com o meu nome escrito sobre um papel, parece novinha e bem afiada. Deve ter sido a Doris que deixou para mim, ela vive implicando com a minha aparência.



Preparo o creme e passo em meu rosto. Ao deslizar a lâmina sobre a minha pele, percebo o quão incrível é aquela navalha, não é qualquer navalha vagabunda, é bem grande e tem o corte mais perfeito que já vi. Enquanto a espuma saia com os pelos, eu comecei a pensar sobre o caso. Por quê vítimas aleatórias ? Por que em lugares tão diferentes ? Entre si, elas não tem nenhuma ligação, nem mesmo aonde ... espera um pouco ai. Cada uma  das vítimas foi morta em bairro diferente, em cidades da redondeza diferentes, porém há sim um padrão. Todos os lugares das mortes são cada vez mais próximos da cidade, mais perto do centro, mais perto... de onde moro ! Sim, agora faz sentido, cada um dos lugares, é como se o assassino estivesse fazendo um caminho, uma trilha de cadáveres e aqui seria o próximo...

 Ow Desgraça Pelada!!!  Me cortei com a porcaria da navalha. Eu a arremesso para longe e começo a lavar meu rosto. Olho no espelho e não paro de sangrar. Droga nem foi tão grande assim e continua a sangrar sem parar. Lavo, lavo e lavo, mancho todas a minha toalhas e nada, o sangramento não para, parece até que uma cascata. Agora jorra sem parar e começo a escutar um assovio, um assovio louco, porém familiar... é... é.. QUEEN OF THE NIGHT !!!

Não pode ser real, não pode ! Eu saio correndo e vou até o meu quarto. Não, NÃO !!! Todas as minhas portas estão com "Rs" marcadas  e há varias carinhas felizes feitas em sangue pelas minhas paredes e aquele maldito símbolo de cicatriz. Corro para o banheiro e coloco minha cabeça na altura dos joelhos, mas ainda em pé. Parece que parei de sangrar, respiro fundo, não posso entrar em pânico, afinal de contas eu sou um policial, isso é o meu trabalho, é só...

Minha vista escurece. Uma mão com uma luva negra tampa meus olhos e antes que eu reaja, sinto uma lâmina  em minha garganta. Eu engulo seco minha pele raspa de leve no fio, se cortando um pouco. O ser me coloca ereto de novo e fala com uma voz suave e agitada, como a mistura de um poeta com a de um lunático.

— Você faz ideia do quanto eu esperei para que você realmente entendesse a mensagem ?
— Do que você está falando, seu louco ?!
— Ora Leon, todas aquelas mortes, tudo aquilo foi só para atrair sua atenção. Eu comecei a matar todos em sequência só para deixar um rastro para você seguir e avinhar minha próxima vítima, mas só agora você percebeu.
— Então todas aquelas mortes...
— Ora bolas, aqueles homens não eram tão inocentes assim e além de tudo você era o prêmio principal.
— Por quê eu ?
— Ah, mas você sabe o por quê, afinal de contas, não é a toa que você está tão desesperado para se aposentar...
— Como você...
— Eu sei de tudo. Sabe, você até que fez um bom trabalho, mas você errou duas coisas. Primeira é que todas as minhas "vitimazinhas" não eram pessoas quaisquer ou aleatórias. Todas tinham algo em comum pois nenhuma delas não eram fáceis de matar. e ai está a diversão.
— Por quê ?
—Por quê ? Ora, matar um sujeito qualquer é muito fácil, eu prefiro os mais difíceis, gosto de um desafio, sou um lobo que caça lobos. Não é a toa que te escolhi, achava que poderia ser divertido fingir ser caçado por um perito, mas você me decepcionou, é muito lento.
— E qual é a segunda coisa seu cão miserável ?

Ele retirou a mão  de meus olhos revelando que eu estava em frente a um espelho. Eu vejo o meu reflexo e vejo o dele atrás de mim. Ele usa capuz e sua face era como as testemunhas descreveram, com as cicatrizes, olhos e tudo. Sob meu queixo, pressionando o meu pescoço, descubro o que era aquele metal frio, aquela lâmina que pulsava sobre as veias de minha garganta como um abraço da própria morte.

— A segunda coisa Leon— ele riu loucamente— e que eu não os matei com uma faca e sim com uma navalha.

Aquela navalha que eu usava para me barbear a poucos instantes era a que estava em meu pescoço e com uma puxada rápida, certeira e voraz como as garras de um animal, ela cortou a minha garganta pintando o meu espelho de vermelho.






Ai, ai, ai esse Razor, bem o que eu posso dizer, sendo filho de quem ele é não dá para duvidar que seu talento é realmente um legado. Bem, a única coisa que posso dizer a vocês, meus caros leitores, é que se um dia sonharem com muito sangue, se ouvirem  "Queen of the Night" ou  alguém assobiando esta música, então comece a correr e nunca mais pare, ou simplesmente caia de joelhos e reze por sua alma, não podem fazer mais nada.












VOCÊS PODEM ATÉ NÃO ACREDITAR NO SOBRENATURAL
MAS ELE ACREDITA EM VOCÊS...

BOM RESTO DE VIDA !

13 comentários:

  1. E é por isso q tio Leon não fez post hoje.
    Croatoan, vai buscar ele no Purgatório, eu exijo posts por parte dele.-q

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    1. Croatoan quer me foder... Esse Wifi daqui é uma merda... Assim eu vou perder o mangá de bleach ;-;

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    2. :U Pq eu to rindo disso…
      CROATOAN, VAI BUSCÁ ELE.







      A menos, é claro, q o "foder" seja literal, daí deixa ele lá mesmo ._.

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    3. Como disse o Plotzlicher, vá buscar o Leon no purgatório CROATOAN!! Exijo posts dele aqui no blog!! Se você não for vou eu mesmo!!

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  2. Por quê vocês seres humanos não conseguem compreender que pode existir mais de uma pessoa chamada Leon ?

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  3. Quando li "Queen of the Night", esperei em vão q fosse a do Angra :c

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  4. Leon Leônidas VS Fabrício H.B.C.

    Dois titãs das creepypastas.

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  5. Quase morri do coração agora. No meio do conto, a pia da cozinha começa a pingar, no fim dele, a infeliz de uma das minhas gatas pula na minha cabeça. <\3

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    1. Heuheuheueh meu irmão chegou devagar atras de mim com uma faca (;--;)Ψ

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