terça-feira, 8 de abril de 2014

O Fantasma do Túnel

Eu me lembro de ter visto esta história em um site, faz uns 6 anos. O site já está fora de atividade, portanto, eu tive que me guiar pela minha memória, portanto me desculpem se eu deixei passar algum fato em branco.

Eu não posso confirmar se a lenda é real ou não. Aparentemente, era o autor do próprio site quem havia feito essa viagem. Terminado todos os esclarecimentos, vamos à lenda do fantasma de Ellen:


Domingo, 12/12/2004

Finalmente nós havíamos conseguido aquelas férias que tanto desejávamos. Depois de anos poupando dinheiro, nós podemos pagar a viagem pelos Estados Unidos. Iria ser uma volta pelo interior do país (a única cidade grande a qual iríamos seria Los Angeles, onde nosso voo chegaria). Eu já havia preparado tudo: aluguei o carro que usaríamos, as malas já estavam prontas, bem como a câmera que eu iria usar para gravar. Àquela altura, nada poderia derrubar meu ânimo. Às 23:30 nós pegávamos o voo em Guarulhos.


Segunda-Feira, 13/12/2004

Demos início a nossa viagem. Pelos próximos 4 dias, nada de errado aconteceu. Simplesmente parávamos todo dia em um hotel diferente, e no dia seguinte continuávamos nosso caminho. As coisas mudariam quando chegássemos ao hotel McKenzy, localizado em uma reserva florestal próxima, você já deve logicamente saber, à cidade de Ellen.


Sábado, 18/12/2004

Passamos direto pela cidade, não deu para ver muita coisa. Pegamos uma estrada de terra de uns 30 min. até chegar ao McKenzy. Lá fomos recepcionados normalmente, fizemos nosso check-in, e aproveitamos para desfazer as malas, como costumeiramente fazemos em cada hotel. O clima até que era agradável, ensolarado mas não muito quente. Foi à noite que fomos apresentados à lenda do fantasma do túnel.

Estávamos sentados em volta da fogueira, eu, minha esposa e outros hóspedes do hotel. Como manda a tradição, aproveitamos a noite para contar aquelas clássicas histórias de terror. Ou pelo menos a gente chamava de "contos de terror": era cada história pior que a outra, e tanto eu quanto minha esposa fazíamos força para segurar o riso, ou a vontade sobre-humana de bocejar. Até que um dos funcionários do hotel, um senhor de uns 35 anos, chamado Donny, se aproximou; ele aproveitou para contar para nós sobre uma lenda local, de um fantasma que assombrava aquela região.

No começo do séc. XX, a população de Ellen estava em clima de euforia: acontece que no meio da floresta, foi descoberto uma jazida de ouro. A exploração desse ouro poderia trazer benefícios nunca antes vistos pela cidade, e o governo obviamente queria se aproveitar disso. Tão logo a extração começou, os garimpeiros perceberam que era muito difícil e perigoso adentrar tantos quilômetros mata adentro, e muitos se recusaram a continuar trabalhando nessas condições. Verdade seja dita, é sabido da morte de vários garimpeiros nessa época. Para contornar a situação, a cidade de Ellen deu início a um projeto ambicioso: um túnel subterrâneo que ligaria a cidade à jazida, com trilhos para que o ouro pudesse ser deslocado com mais facilidade, através de vagões. Logo os engenheiros começaram o trabalho, e o "esqueleto" do túnel (o túnel em si, sem os complementos como o sistema de iluminação e os trilhos) até chegou a alcançar a mina. Porém, um fatídico evento obrigou a obra a ser suspensa por tempo indeterminado: certa noite, uma equipe de uns sete operários desapareceu no túnel. Outros trabalhadores obviamente partiram a procura deles, fazendo o caminho que levava a mina. Porém, estes também acabaram não retornando, junto com mais outras três pessoas que ousaram ir em direção à jazida.

Os engenheiros recusaram-se a continuar trabalhando, enquanto essas pessoas não fossem achadas, o que levou a paralisação da obra: nesse meio tempo, algumas pessoas que ainda visitavam os túneis (principalmente policiais envolvidos na busca) relataram terem ouvido barulhos estranhos vindos da jazida. Era como o som de um grito (algumas vezes, dava para ouvir o som de mais de uma pessoa gritando) que ecoava por toda a galeria. Além disso, constantemente uma corrente de ar trazia um vento quente e abafado para o túnel. Esses incidentes fizeram as pessoas começarem a crer que algo sobrenatural estava se apoderando daquele lugar. Os mais crédulos, inclusive, achavam que aquele túnel de alguma forma havia feito uma ponte entre a Terra e o Inferno, o que explicaria os gritos e o vento quente. Mas, como sempre tem pessoas obcecadas em confrontar o sobrenatural, não era raro ver equipes invadirem o local de obras (a segurança era bem ruinzinha mesmo) à noite seja para desmistificar o terror que aquilo tudo causava, seja para "entrar em contato com os espíritos"... toda sorte de gente queria visitar aquele lugar. Quase todas essas pessoas, porém, sofreram o mesmo destino dos operários. Quase, porquê um grupo, de alguma maneira que nem eles souberam explicar, conseguiu retornar.

Segundo seus relatos, eles caminharam, munidos apenas de duas lanternas, até a metade do túnel, no ponto onde as obras foram suspensas, e onde o sistema de trilhos e fiação para. Chegando lá, eles decidiram tentar entrar em contato com o além, mas sem ter nem ideia de como fazer isso. De repente, um integrante sugeriu mandar algum tipo de sinal, sonoro, visual, para tentar chamar a atenção de seja lá o que estiver no fim da obra. Eles perceberam que havia, jogados próximos ao trilho, um estojo de ferramentas e um livro velho. Resolveram pegar um martelo, e com ele bater nos trilhos para fazer um sinal bem alto.

No começo, nada aconteceu. Nenhum sinal, nenhum grito, nenhuma brisa quente, nada. Mas eles persistiram, até que uma luz surgiu no fim do túnel. Não era bem uma luz, era mais um sinal, que parecia ser feito com uma lanterna. Ele não durou mais que dois segundos, e apagou novamente. Eles tornaram a bater o martelo no trilho, e mais uma vez, a mesma luz aparece, durando os mesmos dois segundos. Eles continuaram nisso até que, de repente, um grito gélido, de puro sofrimento, ecoou por todo lugar; assustados, eles saíram correndo o mais rápido que conseguiram, carregando consigo o velho livro que haviam encontrado. E eles garantiram terem ouvido passos perseguindo eles por toda a instalação. Mas, felizmente eles conseguem sair vivos.

Logo eles viraram celebridades instantâneas na cidade, sendo elevados à ordem de verdadeiros heróis, bravos guerreiros que enfrentaram o medo de cara... por simplesmente terem conseguido sair vivos de lá. Apesar do que eles passaram, até que o grupo não tinha do que reclamar: eles gozavam de uma popularidade incrível em Ellen, e a vida para eles parecia ótima daí para frente... só parecia. Algum tempo depois, Nathan, o jovem que havia pego o velho livro começou a agir de modo estranho, falando sozinho, evitando qualquer contato social: parece que algum tipo de esquizofrenia tinha afetado ele. Mas o que ele mais temia era o tal livro, que ele trancou numa caixa de madeira, entregando a chave à Miller, outro integrante do grupo. Por fim, seus pais cederam a pressão, e internaram ele em um sanatório, em uma cidade a mais de 98 Km de Ellen. Os amigos, preocupados com o que havia acontecido com Nathan, resolveram retornar ao túnel, na esperança de que eles pudessem descobrir uma ligação entre sua esquizofrenia e sua visita àquele lugar. Eles deviam saber que quem abusa da sorte... pois é, dessa vez nenhum retornou, dando fim ao mito dos heróis de Ellen, e intensificando o poder da lenda. Quanto a Nathan, ele permaneceu internado no sanatório até sua morte.

Essa lenda salvou a noite. Agora sim, ninguém iria conseguir dormir, só pensando no trágico destino de todos esses desaparecidos. Donny afirmou que, por mais absurdo que pareça, essa lenda era real. Inclusive, disse que sabia como chegar ao túnel, cuja entrada ficava próximo do hotel, e que poderia levar a gente para uma "voltinha" se tivéssemos coragem. Como já era bem tarde da noite, todos preferiram ir para cama dormir, ou ao menos tentar. Donny aceitou, e disse que quando quisessem, ele estaria disposto a levar-nos ao túnel, desde que fosse à noite. Algo um tanto sádico da parte dele, mas geralmente ele era um tipo super-educado. Em outros casos, nós teríamos deixado o hotel já na manhã seguinte, mas aquela lenda nos deixou muito intrigados. Ficamos os próximos dias no hotel, decidindo se partíamos ou se fazíamos a trilha com o Donny.


Quinta-Feira, 23/12/2004

À essa altura, estava decidido que passaríamos o Natal naquele hotel. Aproveitei o dia para conversar com o gerente, e no meio da conversa, citei a excursão que Donny queria nos levar. De repente, a cara do gerente ficou pálida de medo: ele disse para eu não aceitar isso, pois o túnel era muito perigoso. Ele perguntou se eu estava ciente da história dele, e confirmei tudo. Acho que fiz cagada com o Donny, o gerente estava com cara de quem queria ter uma "conversa" com ele, mas tratei logo de desmentir a situação toda. Depois dessa "conversa", ele pediu para eu visitar o mostruário do hotel, uma espécie de mini-museu que havia por lá.

Resolvi ir, só para ver o que tinha ali, e fiquei espantado: o gerente me apontara uma pequena caixa de madeira, e quando me aproximei pude ver escrito na madeira carcomida as iniciais NK. Aquela era a tal caixa onde Nathan guardou o livro, que ainda estava lá (ela não tinha sido aberta até hoje, porquê como Miller também se perdeu no túnel, a chave nunca foi achada). Aliás, o nome completo de Nathan era Nathaniell McKenzy, e ele era o irmão do fundador do hotel. Por isso que a caixa tinha ido parar ali, e ninguém tentou abri-la a força para preservar a única lembrança que tinham dele. Aquilo me atingiu de uma maneira que não sei descrever. A lenda poderia ser verdade mesmo? Agora sim, a certeza de que deveríamos ir nessa excursão me acertou em cheio. Falei com o Donny, sem deixar que o gerente descobrisse, é claro, e ele disse que inclusive tinham outros interessados em fazer parte disso. Nós partiríamos na noite do dia 27.


Segunda-Feira, 27/12/2004

Era mais ou menos umas 23:45, quando quase todo mundo já tinha ido dormir, quando todos nos encontraram na porta do mostruário do hotel. Éramos um grupinho de sete pessoas, mais ou menos a mesma quantidade de pessoas das expedições que se perderam no passado. Claro que eu não me esqueci de levar minha câmera, para que pudesse filmar tudo. Fizemos uma listagem de alguns mantimentos para atravessar a floresta (um kit de primeiros-socorros, lanternas, uma bússola e alguns cantis de água) e lá pela 00:10 nós partimos.


Terça-Feira, 28/12/2004

Começamos entrando pela mata virgem, sem nenhuma espécie de trilha ou indicação, exceto a bússola, que nos permitiu fazer um caminho reto em direção ao oeste. Depois de alguns minutos de caminhada, chegamos à uma velha estrada de terra. Não havia iluminação, placas, era apenas uma linha desmatada da floresta, se quer saber. Andamos mais alguns minutos, e eu filmando todo o medo que estava estampado em nossos rostos (exceto, claro o Donny, ele parecia saber o que estava fazendo). Então chegamos a uma clareira, e lá, meus amigos, estava a entrada para o túnel. Olhamos assustados enquanto Donny tirava as tábuas que barravam a entrada. Na verdade, aquilo era apenas uma saída de emergência do túnel, dentre outras que foram construídas.

Descemos pela escada, foram apenas alguns segundos que mais parecia uma eternidade. Foi aí que encaramos a porta vermelha de metal. Todos sabíamos que depois dela, entraríamos no amaldiçoado túnel. Passamos horas encarando uns aos outros, quando alguém finalmente pediu para que Donny abrisse de uma vez, para acabar logo com isso. Dito e feito, a porta lentamente se abriu. Depois de andar quase meia hora só com a luz da lua, e depois descer por uma escada sem nenhuma iluminação, o clarão que veio de dentro parecia que iria nos cegar. Na verdade, era o sistema de iluminação do túnel.

Não preciso dizer o quanto ficamos assustados: por quê que as luzes daquele túnel estavam acesas? Ele não deveria estar abandonado? Deixamos essa dúvida para depois, e começamos a seguir em direção à jazida. Cada fio de cabelo do meu corpo se arrepiava mais e mais, o cheiro daquele lugar... aquele cheiro era horrível!! Ninguém esperava sentir um perfume lá dentro, mas o odor parecia de cadáver em putrefação, ou pelo menos é o que alguém presumiu. Mas nada nos impediu de seguir caminho. Passou-se um tempo e de repente as luzes começaram a falhar: a partir de certo ponto do túnel, apesar de instalado, o sistema de luz a partir daí não estava completo, por isso, as luzes iam cada vez mais perdendo força até se apagarem totalmente. Precisaríamos das lanternas mais uma vez.

Eventualmente, chegamos até o local. O meio do túnel. Onde os trilhos e o sistema de luz param completamente; foi ali que a obra foi paralisada, devido ao desaparecimento dos operários. E foi ali onde o grupo de Nathan manteve contato com o tal fantasma. Agora sim, tínhamos chegado ao ponto alto da excursão. Donny fez o prazer de nos lembrar de todos esses fatos. E agora, nós iríamos repetir o que aquele grupo havia feito. Olhamos ao redor, e quase caímos para trás de susto. Lá estava o estojo!!! O estojo de ferramentas que o grupo de Nathan havia achado, faz pelo menos um século!!!!! A essa altura, alguns de nós já queríamos voltar, mas Donny fez questão de abrir o estojo, DA MANEIRA MAIS ALTA POSSÍVEL!! Pegou um martelo, e você já sabe o que ele fez. Contra a vontade de todos, ele começou a martelar o trilho. Pronto, estávamos condenados. Cada martelada ecoava pelo túnel, e poderia ser ouvida de qualquer lugar. Nós não conseguíamos parar de olhar para o fundo do túnel que levava a jazida. Minha garganta secou como nunca antes. E então... lá estava...

Um pequeno brilho foi enxergado ao fundo, como o brilho de uma pequena lanterna. A cada martelada o brilho ia ficando mais forte. Donny queria ir além dali, mas ninguém aceitou ir com ele. Sobrou para mim: segui ele com a câmera, e ele com uma lanterna. Andamos mais um pouco deixando o resto para trás (minha esposa também). Donny berrou, e a luz acendeu de volta. Foi aí que eu tive uma ideia meio óbvia: eu estava filmando o fim do túnel, mas o local de onde a luz veio estava tão distante que a lanterna não conseguia iluminar. Então, decidi usar a visão noturna de minha câmera para ver se ela mostrava o que tinha lá. Eu liguei, e lá estava ele: um homem vestindo preto estava parado no local de onde vinha a luz. Tão logo aumentei o zoom para ver melhor, a câmera começou a dar defeito. Não consegui consertar ela. Estranhamente, só a visão noturna tinha quebrado, a visão normal ainda funcionava, mas não adiantava nada já que estava tudo tão escuro. Donny deu um último berro... a luz... aquela luz brilhou BEM NA MINHA CARA!! Eu saí correndo o mais rápido possível, fazendo esforço para segurar a câmera. Eu só parei quando encontrei o resto do grupo, que estavam visivelmente assustados com meu grito. Nós saímos correndo a todo vapor, sem nem olhar para trás. Nós teríamos que contar bem as portas de emergência para sairmos pela certa. A sorte estava do nosso lado, pelo menos uma vez. Saímos pela escada, e chegamos ofegantes ao lado de fora. Talvez ali estivéssemos mais seguros. Felizmente, estávamos todos seguros. Não poderia ser melhor... até alguém notar que Donny não estava ali. Eu pensei que ele tivesse me seguido, mas eu nem olhava pra trás.

Tendo em vista o desaparecimento de Donny, nós saímos correndo mais uma vez até chegar ao hotel (não me pergunte como conseguimos voltar sem nosso "guia"). Ao chegar lá, contamos o ocorrido ao gerente, que ficou uma fera. Com razão: Donny era muito querido por lá, e ele tinha se perdido por nossa culpa. A polícia foi chamada, e todos no hotel estavam visivelmente abalados, especialmente a gente. Tentamos voltar para nossos dormitórios, ver se conseguíamos dormir um pouco, mas minha esposa me segurou pela mão. Assim como Nathan, ela também trouxera algo do túnel. Ao lado do estojo de ferramentas estava uma pequena e enferrujada chave; nos entre-olhamos assustados. Já sabíamos para que ela servia. Todos, inclusive o gerente, foram correndo para o mostruário, correndo em direção à caixa. O gerente tirou com todo cuidado, e minha esposa colocou a chave na fechadura. Naquele momento de tensão, a caixa foi finalmente aberta. Depois de 100 anos, lá estava ele: o livro que Nathan havia guardado por tanto tempo!! Logo o gerente pegou ele e começou a folheá-lo: tratava-se de um diário escrito por um dos primeiros operários a se perderem no túnel. Ele basicamente descrevia o cotidiano do trabalho na obra. Não havia nada de muito aterrorizante nele. Ficamos um tanto quanto desapontados, já que esperávamos algo que esclarecesse o desaparecimento dos operários, ou que pelo menos explicasse porquê Nathan ficou louco depois daquela visita ao túnel.

Enquanto o gerente folheava o diário, um companheiro nosso pediu para que eu mostrasse minhas filmagens. Rapidamente peguei minha câmera e voltei toda a fita, crente de que eu tinha captado tudo. E o que conseguimos? Chiados. Chiados por todo o vídeo. Só havia um único segundo onde não havia chiado. Aos 7:06 min. do vídeo, aparecia uma imagem estática do túnel, macabra. Parecia uma entrada para o inferno... aquilo assustou todos nós bastante. E ficava pior: o gerente, enquanto folheava o diário, deixou cair uma foto que havia nele. Minha esposa pegou a foto e congelou. Nós fomos ver o que era. Era uma foto dos primeiros sete operários a se perderem: o primeiro homem de pé, da direita para esquerda se chamava Kyle Dollyner. Mais conhecido pelos colegas como Donny.





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