quinta-feira, 21 de agosto de 2014

A Fome - Aniquiladora... Fatal!


BOTE SUA PAMPERS E RACIONE...



Eu sempre critiquei redes de fast food e essa foi uma das razões pela qual me tornei vegetariano. Foram anos da minha vida dedicados a uma dieta saudável. Anos abdicando de simples prazeres para salvar a vida de alguns animais. Mas agora, eu daria qualquer coisa por um Big Mac ou qualquer sanduíche gorduroso capitalista que eu tanto reneguei. Eu não sei quando começou, mas já faz algum tempo. Até onde posso me lembrar, devem fazer doze dias que não coloco na boca qualquer alimento. Nenhuma autoridade ainda foi capaz de explicar porque todos os alimentos sumiram. Eles apenas pedem para racionarmos, pois não há nada que possa ser comido por aqui exceto... ok, sem piadas de cunho sexual.

Eu fiz isso. Mas tudo o que tinha na geladeira e nos armários se esgotou há dez dias atrás. Uma única fatia de pão de forma. Meu filho teve crises de vômito devido ao sulco gástrico em seu estômago e tivemos que dar a fatia de pão de forma para que não o perdêssemos. Minha esposa não responde mais quando falo com ela. Sei que ela ainda está viva, mas ela apenas fica encostada em um canto com aquele olhar depressivo, agonizante... Faminto.

Em busca de algo que pudesse servir de alimento, encontrei algumas facas. Tão afiadas. Cheguei a cogitar a amputação de algum membro - uma perna ou um braço. Isso manteria a mim e a minha família vivos por algum tempo. Eu não queria ver meu filho sucumbir como uma pilha de ossos. Ele era tudo que me mantinha firme.

Há dois dias atrás ele começou a ter alucinações. Dizia ter um amigo chamado Baphomet Ted, e simulava estar saboreando um delicioso jantar. Aquilo me destruiu como arma ou fome qualquer poderia. Meu filho, preso em um mundo imaginário para fugir de nossa realidade tão terrível.

Até que ontem ele parou de brincar. Ficou quieto. E não respondia quando eu ou sua mãe falávamos com ele. Não importasse qual o tipo de contato que tentássemos, nosso filho não estava ali. Antes que a noite terminasse, ele se aproximou de minha esposa. Subiu em seu colo e se deitou. Ele acariciou seus cabelos, sorriu, e secou suas lágrimas.

Meu pequeno filho, nos braços da mãe, perguntou: Mamãe, no céu tem pão?

E morreu.

Texto escrito pelo amigo e parceiro Felipe Alves do blog (e canal) Dossiê do Felipe.


ESSE TEXTO DEU UMA FOME DA PORRA...

QUE SEUS PESADELOS SE TORNEM REAIS

BOA NOITE

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